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Gotas de amorosidade: transcender a letra da lei, a coragem de transformar pedras em sementes e corações em jardins

Iniciando a Semana Santa, os ramos que carregamos simbolizam a esperança de que, mesmo na dor, a vida triunfa. Que esta semana nos transforme para que, como Cristo, sejamos sinais de esperança e reconciliação em um mundo ferido.

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Semana Santa

Iniciamos a Semana Santa, também conhecida como Semana Maior, com a Celebração de Domingo de Ramos, inserida em um profundo silêncio.
O texto de hoje narra a paixão de Jesus segundo São Lucas: poucas palavras do Mestre e muito silêncio. O Sábado Santo – dia do sepulcro – e a Vigília Pascal – noite que antecede a explosão de luz da ressurreição – também estão mergulhados nesse silêncio ensurdecedor.

A cena de Jesus entrando em Jerusalém montado em um jumento (Lc 19,28-40) contrasta com as expectativas de um Messias triunfante. Esse gesto revela “a lógica do Evangelho”: força na fraqueza, grandeza no serviço. O jumento, animal de carga, simboliza a missão de Cristo de carregar o peso do pecado humano pela humildade, não pela imposição. Somos, assim, interpelados a abandonar ambições de poder e abraçar o amor sacrificial.

Na leitura da Paixão (Lc 22,14–23,56), vemos a liberdade de Jesus em abraçar a cruz. Verdadeira liberdade não é autonomia egoísta, mas resposta amorosa ao Pai. Mesmo no Getsêmani, Cristo disse “sim”, transformando dor em entrega. Cada pequena renúncia diária, para nós, torna-se ocasião de amar como Ele.

 

A Semana Santa se abre e se fecha com silêncio

No processo contra Jesus, Lucas destaca o silêncio como resposta:

“Jesus não lhe respondeu nada” (Lc 23,9).

Diante das perguntas de Herodes, das acusações e dos gritos “Crucifica-o! Crucifica-o!”, Jesus cala. Seu silêncio fala mais que mil palavras: entrega, gestos, olhar. É um convite a rever nossas reações diante de conflitos, julgamentos e dor.

Talvez ressoassem no coração do Senhor palavras como as de Robert Penn Warren:

Fora do silêncio, o dito…

E, como , Jesus experimentou também o silêncio de Deus, um silêncio que liberta:

Atende, Jó, escuta-me; cala-te, e eu falarei…” (Jó 33,31-33).

Somente a partir do silêncio ouvimos a Palavra que dá vida, aprendemos a transformar sofrimento em paz e permitimos que a escuridão do sepulcro implode na alegria da luz.

O Domingo de Ramos é drama comunitário. A multidão que grita “Hosana” e depois “Crucifica-O” expõe nossa incoerência. Fé autêntica exige coerência entre liturgia e vida. Os ramos que carregamos simbolizam a esperança de que, mesmo na dor, a vida triunfa. Que esta semana nos transforme para que, como Cristo, sejamos sinais de esperança e reconciliação em um mundo ferido.

 

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