Neste artigo vamos refletir sobre dois pilares fundamentais da nossa caminhada cristã: a fé e a esperança. Não falo de ideias abstratas, mas de virtudes que sustentam nossa vida, que nos dão força para seguir adiante e que são dinamizadas pela caridade, como ensina São Paulo: “Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade; mas a maior delas é a caridade” (1Cor 13,13).
O Jubileu da Esperança, também conhecido como Ano Santo de 2025, é um período de graça extraordinária promovido pela Igreja Católica, um tempo dedicado à renovação espiritual, à reconciliação e à vivência profunda da misericórdia divina. Este Jubileu foi solenemente inaugurado pelo saudoso Papa Francisco em 24 de dezembro de 2024, com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, marcando o início de um período de perdão, cura e esperança para toda a humanidade. O Jubileu será encerrado pelo Papa Leão XIV em 6 de janeiro de 2026.
O chamado à fé viva no Santíssimo Redentor
Fé é confiar, lançar-se nos braços do Santíssimo Redentor, sabendo que Ele não decepciona jamais. Como Ele mesmo nos diz: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição” (Mt 7,13). A nossa fé não é uma fuga do mundo, mas uma adesão plena à vida, iluminada pela certeza de que o Santíssimo Redentor nos chama a uma vida abundante, aqui e na eternidade. A fé é a resposta do nosso coração à Copiosa Redenção que Ele nos oferece. É crer que fomos salvos não por nossos méritos, mas pela graça infinita que brota do seu lado aberto na cruz.
A esperança: força que nos impulsiona
Vivemos, como bem sabemos, num mundo onde tantas vezes a desesperança tenta nos paralisar. Mas nós, discípulos do Santíssimo Redentor, somos chamados a ser testemunhas da esperança. Como nos diz a carta aos Hebreus: “A fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Hb 11,1). Sim, nós caminhamos na esperança da vida eterna, como nos lembra o evangelista Mateus: “Muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugar à mesa com Abraão, Isaac e Jacó no Reino dos céus” (Mt 8,11). Nossa esperança se fundamenta na certeza de que a nossa pátria está no Céu (cf. Fl 3,20) e que, ao final desta caminhada, seremos acolhidos nos braços do Santíssimo Redentor. Como diz São Francisco de Sales na Filotéia (capítulo 39), devemos, com frequência, elevar nossos olhos ao céu, pois “nossa alma foi criada para ali habitar eternamente”. Que beleza pensar nisso! Nossa esperança não é ilusão, mas certeza: fomos criados para o céu!
Copiosa Redenção: nossa esperança viva
Na espiritualidade redentorista, aprendemos que nossa missão é anunciar ao mundo a Copiosa Redenção. O fundador dos Missionários Redentoristas, Santo Afonso Maria de Ligório, nos ensinou que o Santíssimo Redentor veio para redimir a todos, sem exceção. Por isso, a esperança cristã não é reservada a poucos, mas é um convite universal: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados…” (Mt 11,28). Essa certeza dinamiza a nossa caridade: quem espera no Santíssimo Redentor, ama; quem ama, serve; e quem serve, vive plenamente a sua vocação cristã. A esperança, então, se traduz em atitudes concretas de amor e serviço, como Ele mesmo nos ensinou: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12).
A morte: não o fim, mas a passagem
Refletir sobre a esperança nos leva a pensar sobre a morte, inevitável para todos. Mas, para nós, redentoristas, e para todos que creem na Copiosa Redenção, a morte não é o fim. Como diz São João: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não será condenado, mas passou da morte para a vida” (Jo 5,24). A Filotéia também nos recorda: “Felizes aqueles que, vivendo bem, morrem bem”. Que a nossa esperança nos leve a viver de tal modo que a nossa morte seja apenas a abertura definitiva para a plenitude da vida com o Santíssimo Redentor.
A Palavra que alimenta a nossa esperança
Como não recordar a riqueza da Palavra que sustenta essa nossa reflexão? O chamado à vigilância e à confiança: “Entrai pela porta estreita” (Mt 7,13). O convite à esperança ativa: “O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido no campo” (Mt 13,44). O testemunho da caridade perfeita: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tivesse caridade, seria como bronze que soa ou címbalo que retine” (1Cor 13,1). A galeria dos heróis da fé: “Pela fé, Abraão obedeceu…” (Hb 11,8). A vida plena prometida: “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo 14,2). Cada um desses textos nos recorda que nossa vida é sustentada por uma promessa fiel: a Copiosa Redenção já foi realizada, mas ainda se atualiza em nós, enquanto caminhamos para o encontro definitivo com o Santíssimo Redentor.
A esperança que transforma: missão redentorista
Como irmão redentorista, sinto cada vez mais no coração este apelo: ser sinal de esperança para os mais abandonados, os feridos da sociedade, aqueles que perderam a confiança. Como nos lembram as Constituições Redentoristas: “A esperança da glória futura orienta e inspira nossa missão”. Nossa missão é simples e exigente: tornar visível a Copiosa Redenção através da pregação, do testemunho de vida, do anúncio da misericórdia infinita do Santíssimo Redentor. A Gaudium et Spes nos recorda ainda que nossa missão é colaborar na transformação do mundo à luz da esperança cristã, sem jamais perder de vista “o tempo da consumação da terra e da humanidade” (GS, 39).
A esperança que não decepciona
Que possamos ser mais firmes na fé, alegres na esperança e mais generosos na caridade. O Santíssimo Redentor nos convida a confiar plenamente Nele, a esperar com toda esperança, a viver com intensidade, sabendo que, pela Copiosa Redenção, a vitória já nos foi garantida. “Levanta-te e anda!” (Lc 7,14). Esta é a voz do Santíssimo Redentor hoje para nós. Não desanimemos! A esperança não decepciona (Rm 5,5), pois foi derramado em nossos corações o Espírito Santo.
Que Maria, Mãe do Perpétuo Socorro, nossa esperança e modelo, nos acompanhe sempre!
Ir. Gilson Gaigher Junior, CSSR
Missionário Redentorista que atua na Pastoral do Santuário do Bom Jesus da Lapa e Coordenador de Produção da TV Bom Jesus.