Todos os anos, a Capital Baiana da Fé, localizada na região Oeste da Bahia, a aproximadamente 800 quilômetros de Salvador, atrai milhares de fiéis de todas as partes do Brasil e do mundo que vêm em busca da Romaria do Bom Jesus da Lapa.
Um dos motivos que torna a cidade bastante conhecida é a Romaria do Bom Jesus, celebração que reúne na cidade uma grande parte dos moradores e visitantes de todos os lugares do país.
Trata-se de uma jornada de extrema importância para as pessoas religiosas e também para aqueles que apreciam as manifestações culturais que emanam do povo.
Principalmente nesse período, a cidade de Bom Jesus da Lapa, que fica às margens do Rio São Francisco, fica repleta de visitantes. A maioria tem o mesmo desejo: expressar seu sentimento de gratidão por alguma graça alcançada ou fazer sua prece em busca de algum desejo difícil de ser realizado.
A Romaria ao Bom Jesus se dá em agosto, mas seus preparativos ocorrem meses antes para ofertar aos turistas a melhor recepção possível.
Além de trazer um verdadeiro espetáculo de fé, a Romaria do Bom Jesus configura-se como uma enorme ferramenta para geração de emprego e renda no município.
Setores como o da hotelaria, comércio, alimentação, transporte e entretenimento, veem na época uma grande oportunidade, e isso mobiliza a cidade a cada ano para um grande sucesso econômico.
A Romaria do Bom Jesus é a terceira maior romaria do Brasil, atraindo mais de meio milhão de pessoas, com número crescente de fiéis a cada ano.
Quem participa da Romaria do Bom Jesus da Lapa retrata o momento como inesquecível, emocionante e de pura fé.
Organização da Romaria do Bom Jesus da Lapa
Meses antes da Romaria do Bom Jesus, a cidade já vai se organizando para oferecer aos peregrinos uma estadia de excelência, com serviços de infraestrutura, transporte e saúde funcionando perfeitamente para atender as demandas do grande contingente de pessoas que aporta na cidade.
A Festa do Bom Jesus da Lapa acontece sempre no dia 6 de agosto, mas a movimentação já começa acontecer logo após as comemorações juninas, quando começam as preparações.
E logo após o dia 28 de julho, a movimentação se intensifica, a cidade já começa a notar os efeitos do início da festa.
A cidade entra em estado de recepção da enorme quantidade de pessoas que virão participar da Romaria do Bom Jesus.
Muitos prédios comerciais, principais hotéis e rancharias, então concluindo suas reformas para melhor receber esses visitantes.
Ambulantes começam a organizar o espaço onde irão colocar suas barracas. É realmente visível as mudanças que ocorrem na última quinzena de julho.
Estima-se que cerca de 600 mil visitantes chegam ao município durante a semana oficial da Romaria do Bom Jesus, podendo esse número chegar a 1 milhão nos dias que antecedem ou sucedem o novenário, que culmina na procissão de encerramento.
Para todo esse contexto obter sucesso, a cada evento semelhante a Prefeitura Municipal faz adaptações e ajustes, efetuando as medidas necessárias para dar ao romeiro uma cidade cada vez mais otimizada para recebê-lo e também para que o morador se sinta satisfeito.
Com os sistemas e os serviços operando em sintonia e de forma ágil, Bom Jesus da Lapa atinge, assim, o status de cidade turística de grande porte em âmbito nacional e internacional.
Ruas amplas, com mais conforto e acolhimento aos pedestres, trânsito organizado e mais espaço para os comerciantes e empreendedores, com praças e mercados novos ou revitalizados e estruturas como o Shopping do Romeiro, são alguns dos pontos à disposição e que conferem uma boa estadia aos peregrinos.
Cenário da Fé em Bom Jesus da Lapa
Como não podia ser diferente, a Romaria do Bom Jesus têm como cenário o Santuário do Bom Jesus da Lapa, que fica dentro do Morro do Bom Jesus.
Interessante ressaltar que em 2009, o Morro foi escolhido, em uma eleição popular online (através do site www.7maravilhasbrasil.com.br), como uma das sete maravilhas do Brasil.
Para os romeiros, aliás, um dos fatos que destacam a Igreja de Pedra e Luz dos demais templos religiosos, é que o Santuário foi esculpido pelas mãos de Deus e não pelas dos homens.
A Romaria do Bom Jesus da Lapa é considerada a mais antiga do país. Nela cultura e religião se encontram para compor um dos mais famosos eventos do gênero em todo o Brasil, figurando em grandiosidade ao lado da Romaria de Aparecida do Norte, no estado de São Paulo e da Romaria do Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, no Ceará.
A novena inclui missas diárias e homenagens aos romeiros e ocorre no período da noite, na Igreja de Pedra e Luz. E, durante o dia, os visitantes podem desfrutar dos mais variados atrativos oferecidos pela cidade, com destaque para os passeios de barco pelo Rio São Francisco e para as seis capelas que compõem o Santuário.
No dia 28 de julho, a Festa começa, com a novena na esplanada, até que dia 6 de agosto, o grande dia, acontece a celebração solene.
Procissões acontecem durante a manhã e tarde, fiéis e romeiros andam pelas ruas principais da cidade, carregando a imagem do Bom Jesus da Lapa e entoando hinos.
São milhares de pessoas reunidas com um só objetivo: a fé, a fé no Senhor Bom Jesus. Até mesmo aqueles mais acostumados com o evento se emocionam.
Algo de se admirar é a fé que os romeiros carregam consigo, muitos vindo de muito longe. Há pessoas que há décadas marcam presença nesse evento tão importante.
A procissão é o ponto culminante da Festa do Bom Jesus da Lapa, que começa com uma novena, na esplanada.
A forte devoção ao Bom Jesus é o que leva milhares de pessoas todos os anos para a celebração. Pessoas têm motivos diversos para acompanhar a procissão do Bom Jesus – alguns têm que agradecer, outros vão para pedir algo, outros para reafirmar a fé.
Seja qual for o motivo, o fato mais importante é estar em comunhão com Deus.
Durante todo o ano, estima-se que Bom Jesus da Lapa receba cerca de 1,5 milhão de visitantes, tendo outro pico de visitação em setembro, quando acontece a romaria de Nossa Senhora da Soledade.
Como é a procissão do Bom Jesus?
Se você ainda conhece, vamos tentar reproduzir essa emoção para você. A tradicional procissão do Bom Jesus percorre as mais importantes ruas do município.
É incrível ver a Avenida Duque de Caxias lotada, das proximidades da Farmácia União a além do cemitério, em toda a extensão da Rua Santa Luzia emendando com a avenida Agenor Magalhães.
Lindo também de se ver é a multidão, logo no início da procissão, ali em frente à Catedral de Nossa Senhora do Carmo, com o sol ainda forte.
Na chegada ao Santuário, já à noite, muitos fogos de artifício soam em boas vindas àquela multidão.
Sendo realizada há mais de três séculos a Romaria do Bom Jesus da Lapa é reconhecida como a terceira mais movimentada romaria do Brasil.
O município acolhe a cada ano aproximadamente 1,8 milhões de peregrinos vindos de várias partes do país, como Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo entre inúmeras outras.
Durante os 10 dias do evento, a cidade de Bom Jesus da Lapa reúne mais de 600 mil fiéis.
Romaria do Bom Jesus da Lapa – Infra Estrutura
A Romaria do Bom Jesus dispõe de assistência especializada da Defesa Civil do Estado (Sudec) em medidas de precaução, além da cooperação de voluntários e também profissionais da saúde.
Bem na entrada do município é montada uma barreira sanitária, em que voluntários da Defesa Civil aconselharam moradores e também visitantes sobre critérios e especificações de práticas seguras em maiores aglomerações.
Na barreira sanitária também é disponibilizada dicas úteis de higiene pessoal, no intuito principal de evitar a propagação de infecções contagiosas, além fornecerem kits de reidratação oral, hipoclorito de sódio, saco de lixo e também panfletos instrucionais e guia de turismo da cidade, além de outras medidas práticas.
Na praça da bandeira, o CREAS marca presença com vários funcionários fazendo a recepção do romeiros e turistas que vão ou voltam do Santuário. Eles distribuem panfletos institucionais e prestam informações úteis sobre a cidade.
Como a Romaria em Bom Jesus da Lapa começou?
Conta-se que a Romaria do Bom Jesus da Lapa remonta a 1691, quando o monge Francisco de Mendonça Mar descobriu uma gruta de pedra no Sertão baiano e lá se fixou, mas há vários mitos ao redor dessa história.
Nesse sentido, muitas narrativas da tradição oral se misturam, mostrando a chegada de Francisco ao local, por exemplo, unido a elementos fantásticos, como feras e serpentes.
Assim, pesquisadores apontam como variados os relatos relacionados à origem da Romaria e do Santuário. Eles foram transmitidos oralmente, então não existe propriamente um único mito fundador.
Há uma pluralidade de histórias, com muitos símbolos e figuras, que se articulam como um caleidoscópio toda vez que são contadas, ganhando outras versões do imaginário popular – e muitas delas têm a ver com a experiência de cada romeiro com o Bom Jesus.
Diante de tantas narrativas sobre a origem do Santuário do Bom Jesus da Lapa e da Romaria do Bom Jesus, em 1937, o então capelão Monsenhor Turíbio Vilanova Segura publicou a obra “Bom Jesus da Lapa: Resenha Histórica”, para, entre outras coisas, suprimir e conter a pluralidade dos relatos orais.
Era também uma maneira de oficializar o culto e garantir a autenticidade do relato, buscando, assim, uma fundamentação histórica que apontasse para fatos mais objetivos e reais.
“Lendas do povo”
No prefácio da obra, Monsenhor Turíbio Vilanova afirma que a publicação busca “evitar que adquiram carta de natureza, como história verdadeira, certas lendas que atualmente correm entre o povo.
À vista dos documentos que apresentamos, a figura do monge é uma figura histórica inconfundível, que lança ao canto dos trastes velhos e inúteis essas lendas, caricatura da história, nas quais, se alguma verdade pode encontrar-se, é misturada com uma grande dose de falsidade, como o ouro, na mina, se apresenta aos olhos alegres do faiscador, acompanhado da ganga imunda de saibro esterilizante”.
Mais contemporaneamente, conforme atestam estudiosos do tema, existe uma intenção, por parte da instituição eclesial, de unir os relatos da tradição oral, muitas vezes recheados de elementos míticos e misteriosos, aos relatos históricos, consolidados principalmente por Monsenhor Turíbio em sua obra.
Segundo a professora Giuliana Frozoni, nesta arena de disputas pelo “discurso verdadeiro”, caracterizada pela ambiguidade, é possível observar um jogo de trocas e concessões mútuas.
De um lado a instituição, que ao desejar uma aproximação maior com os romeiros, aceita seus relatos e suas histórias tradicionais, mas sempre em uma versão mais depurada, livre dos elementos mágicos e da fantasia; e, de outro, o povo peregrino, que aceita a história “verdadeira” contada pelos padres, mas o faz de modo ressignificado, à sua maneira.
Sendo assim, o relato popular é aceito pela instituição desde que associado a elementos passíveis de comprovação por meio dos documentos históricos.
O que diz o “Catecismo dos Romeiros”
Já o “Catecismo dos Romeiros – Benditos de Romaria e Orações Populares”, opúsculo editado pela Gráfica Bom Jesus, editora coordenada pela Vice-Província Redentorista da Bahia, mesma congregação que dirige o Santuário, aponta que Francisco de Mendonça Mar,
“fazendo orações diariamente, três vezes ao dia, plantara uma pequena horta na beira do rio, onde tinha tanto peixe, que era capaz de pegá-los até com a mão. Assim vivia ele. Mais tarde, os mineiros passavam ali, muitos doentes de impaludismo. Com orações e remédios caseiros, curava”.
O Catecismo conta que graças a essas curas um grande número de pessoas começou a buscar Francisco.
“E foi chegando gente, chegando gente, fazendo promessas ao Bom Jesus e recebendo milagres. Até que esta notícia chegou aos ouvidos do senhor bispo D. Sebastião Monteiro da Vide, em Salvador, que mandou chamar Francisco e o ordenou sacerdote, com o nome de padre Francisco da Soledade, que morreu com 63 anos. Morreram também a onça e a cobra, que foram enterradas na gruta. E a romaria do Bom Jesus e Nossa Senhora da Soledade, continua até os dias de hoje”, diz o opúsculo.