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Gotas de Amorosidade: A vida é um arder e quem não arde não vive

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a vida

Na festa da Assunção de Maria, a liturgia apresenta-nos o belíssimo texto da visitação de Maria à sua prima Isabel. Uma narrativa da alegria e da felicidade que inspirou muitos artistas e poetas e gerou lindas expressões artísticas e culturais. É um texto que reflete como deve ser uma vida humana e cristã plena: Isabel está “cheia do Espírito Santo”.

Pois bem, estou cheio do Espírito Santo? Sou uma bênção para mim mesmo e para os outros? O canto de Maria – o Magnificat, em sua primeira palavra latina – é uma sábia compilação feita por Lucas de temas e cânticos do Antigo Testamento: repleto de sabedoria, alegria e louvor.

De onde surge a alegria? O que é a felicidade? Maria está “grávida” de Deus, e esta é a fonte de sua alegria e da alegria de sua prima. Esta expressão idiomática, que não indica apenas o estado de gravidez, mas também uma situação de plenitude espiritual: Maria está cheia de Deus, carregada do divino.

O que se diz de Maria e de Jesus, em certa medida, vale também para cada um de nós, e este é o grande segredo do Evangelho. Cada um está “grávido” do divino, somos “portadores de Deus” – teóforos – como se dizia nos primeiros séculos do cristianismo. Deus é a nossa essência, é o mais íntimo da nossa intimidade, a alma da nossa alma, a nossa raiz. Destarte, a felicidade é a conexão absoluta com essa essência, é a consciência integral da nossa verdadeira identidade.

 

Por que muitas pessoas não são felizes?

Por que muitas vezes as pessoas não são felizes ou experienciam instabilidades emocionais? Porque confundem a felicidade com os “estados de ânimo”, com objetos (reais ou mentais) e com algo a ser conquistado. Na realidade, a felicidade é um “estado do ser” e um “estado de consciência”. Se fizermos a felicidade depender dos estados de ânimo ou do que podemos alcançar, estamos deslocando a felicidade para “fora”, quando na verdade ela está dentro, porque é o que somos, é o que nos define.

Somos amor, paz, luz e também felicidade. Somos felicidade além do que possa acontecer lá fora e além das situações passageiras de conflitos ou dores emocionais; tudo isso é efêmero; o que somos, permanece. Por isso é essencial a descoberta e a conexão com a nossa essência divina: a alegria divina que habita em nós.

 

Um amor que não arde, já não é amor

Portanto, como foi possível muitos mártires cantarem em suas agonias? E muitas pessoas viverem sua doença e situações difíceis a partir de uma profunda paz? Porque estavam “grávidos de Deus” e o descobriram: somos lâmpadas que carregam a luz; somos canais que levam água divina. Viver é deixar-se amar e amar. E um amor que não arde, já não é amor. Teilhard de Chardin (1881 – 1955) – padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês que tentou construir uma visão integradora entre ciência e teologia – escreveu de maneira orante: “Se o fogo desceu até o coração do Mundo, foi, nesta última instância, para arrebatar-me e absorver-me. (…) Prosterno-me, meu Deus, diante de tua presença no Universo, que se tornou ardente, e nos traços de tudo o que eu encontrar, de tudo o que me acontecer, e de tudo o que eu realizar hoje, eu te desejo e te espero”.

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