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9 romaria quilombola em bom jesus da lapa

A 9ª Romaria Quilombola, aconteceu entre 12 e 14 de junho, com o tema “Nação Quilombola: Preservação e Sustentabilidade”. Mas essa história, no Santuário do Bom Jesus da Lapa, não começou há apenas nove anos. Ela ultrapassa séculos e está enraizada na luta de um povo que, mesmo ferido pela escravidão, escolheu agradecer.

O marco simbólico remonta a junho de 1888, um mês após a assinatura da Lei Áurea. No livro Resenha Histórica, Monsenhor Turíbio Vila Nova, vigário do Santuário entre 1930 e 1950, narra o que chamou de “a romaria dos pretos”:

“Uma imensa multidão de negros, vinda de todo o sertão, reuniu-se na Lapa para dar graças ao Bom Jesus pelo benefício da alforria, demorando oito dias, cantando benditos religiosos, rezando, dando vivas ao gabinete de João Alfredo, tocando maraxás, tambores, pandeiros, cabaças com milho…”

O povo libertado trouxe moedas de bronze e as ofertou diante da imagem do Bom Jesus. Aquelas moedas seriam fundidas para dar origem aos sinos do Santuário. Por isso, até hoje, no momento mais simbólico da Romaria Quilombola, os sinos são tocados. É a memória que ecoa, a liberdade que ainda precisa ser completada.

9ª edição da Romaria Quilombola

A edição deste ano reuniu caravanas de diversas comunidades quilombolas de vários territórios da Bahia. A programação incluiu conferências, rodas de diálogo, Missas, oficinas e apresentações culturais, sempre reafirmando a fé e o protagonismo do povo negro na história da salvação.

No sábado (14), a Santa Missa na Gruta, transmitida pela TV Aparecida, culminou com a tradicional caminhada pelas ruas da cidade, que relembra a primeira romaria pós-abolição, com o ressoar dos sinos da torre ao chegar no Santuário.

Ao longo da programação da romaria, aconteceu ainda a exposição “Do Barro dos Pretos à Romaria Quilombola: Reafirmando nossa fé, identidade e território”, com registros históricos e elementos culturais das romarias anteriores, no Espaço Santuário Cultural.

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